abril 22, 2013


Peixes japoneses sobrevivem a viagem de 8 mil km em porão de navio arrastado pelo Pacífico após tusunami

REUTERS SEATTLE
 Elaine Porterfield - abril/2013



(Reuters) - Cientistas estão confusos sobre como um grupo de pequenos peixes nativos do Japão sobreviveram a uma viagem pelo Oceano Pacífico em um barco arrastado pelo tsunami de 2011, levado pela maré no mês passado à costa do estado de Washington.
O cardume de peixes bicudo listrado (Oplegnathus fasciatus) - cinco ao todo - foi descoberto submerso no porão de um barco de pesca batizado de Sai-shou-maru, em Long Beach, no sudoeste de Washington.
A embarcação, que estava encalhada, teve sua origem confirmada esta semana e veio da região norte do Japão, devastada pela imensa onda gerada pelo terremoto de Fukushima, em março de 2011.
Outros barcos levados pelo tsunami já foram encontrados ao longo da costa do Pacífico no noroeste dos EUA e no Alasca, assim como pedaços de ancoradouros e grandes quantidades de outros detritos. Mas os peixes encontrados a bordo do Sai-shou-maru são os primeiros vertebrados, até onde se sabe.
Biólogos marinhos que estudam o fenômeno estão intrigados sobre como os peixes bicudo listrado, naturais de águas mais quentes e rasas do sul japonês, acabaram como clandestinos vivos no porão do barco, e como eles suportaram uma viagem de dois anos através do oceano.
"É bastante notável", disse Curt Hart, um porta-voz do Departamento de Ecologia do Estado de Washington, à Reuters. "Todo mundo ficou muito impressionado ao saber que os peixes sobreviveram por dois anos naquele porão." Os peixes foram aparentemente arrastados junto com o barco uma vez que o mesmo foi "levado" da costa do Japão para o Pacífico.
Os cientistas supõem que os peixes fizeram do barco a sua casa durante a maior parte da viagem, uma vez que o barco ficou à deriva de cabeça para baixo e parcialmente submerso, alimentando-se de outros organismos que se incrustaram ou não à embarcação invertida. Outra hipótese seria de os peixes terem ficado presos no porão do barco quando o vento ou ondas emborcou-o, disse Hart.

ALIMENTAÇÃO MISTERIOSA
O meio do oceano Pacífico é muito escasso em nutrientes quando comparamos com as águas costeiras, levantando questões de como os peixes encontraram alimento suficiente para sobreviver durante a viagem, disse Jeff Adams, um especialista da Washington Sea Grant (agência de apoio à investigações marinhas).
Com cerca de 6 centímetros de comprimento o peixe bicudo listrado, assim nomeado por apresentar boca saliente e listras em preto-e-branco ao longo do corpo, foi a mais surpreendente das cerca de 50 espécies de organismos marinhos que pegou carona por todo o Pacífico em um barco. Várias outras espécies de organismos já foram encontrados, entre eles diferentes espéciesde algas, anêmonas, caranguejos, vermes, crustáceos e moluscos marinhos.
Muitas dessas espécies eram consideradas espécies exóticas (não nativas), e todas foram tratadas como potencialmente invasoras - capazes de afastar as espécies nativas, perturbando o equilíbrio ecológico natural, caso escapassem para o meio ambiente e se reproduzissem.
Como medida de precaução, as autoridades estatais rapidamente removeram o Sai-shou-maru da costa americana antes que amostras de organismos fossem coletadas para estudo, e o barco raspado e desinfectado com vapor, Hart disse.
Quatro dos cinco peixinhos encontrados vivos no barco em 22 de março já morreram, e o espécime sobrevivente solitário foi transferido para um aquário em Seaside, Oregon.
O Sai-shou-maru não é a única Arca de Noé japonesa com potenciais espécies invasoras transportadas pelo tsunami até a costa dos EUA. Vários outros barcos japoneses foram encontrados em terra desde o ano passado em Washington, Oregon e Califórnia, e um navio de pesca foi encontrado à deriva perto do Alasca mas foi afundado pela Guarda Costeira.
Dezenas de espécies exóticas e potencialmente invasoras - além das que pegaram carona a bordo do Sai-shou-maru - foram encontrados previamente ligado a dois grandes pedaços de piers que foram carregados, um até Oregon e outro até a costa de Washington, disse Hart.

(Editing by Steve Gorman, Cynthia Johnston and Patrick Graham)
O GENOMA DESCODIFICADO DO CELACANTO 
REVELA UM PEIXE EM LENTA EVOLUÇÃO
Nicolau Ferreira - abril/2013


Celacanto (1,75m e 77kg) capturado em 2001
por pescadores quenianos. 
Simon Maina/AFP
Passaram-se quase 75 anos desde a sua descoberta na África. Agora uma equipe internacional sequenciou o seu genoma, que abre uma janela até ao passado.
Há um novo capítulo na história extraordinária de um peixe extraordinário. O genoma de uma das duas espécies vivas de Celacanto foi sequenciado e mostra que este peixe possui uma longa e continua história a evoluir. Mas uma evolução muito lenta revela o artigo publicado na revista Nature.
"Descobrimos que os genes estão evoluindo muito mais lentamente do que em qualquer outra espécie de vertebrado", diz Jessica Alföldi, investigadora do Instituto Broad - EUA. A cientista foi uma das autoras do artigo que reuniu o trabalho de 40 institutos em 12 países. Mas as conclusões dizem também respeito à própria evolução dos vertebrados que passaram da água para terra firme.
Os celacantos existem há cerca de 400 milhões de anos. Testemunharam a conquista da terra pelos vertebrados, viram a ascensão dos anfíbios e répteis, e já eram velhos quando os dinossauros surgiram há cerca de 230 milhões de anos.
Neste peixe, as nadadeiras possuem ossos e carne, e fazem lembrar os membros dos tetrápodes -  vertebrados terrestres, incluindo os humanos. Uma das características essenciais na passagem dos vertebrados da água para a terra foi o desenvolvimento de membros capazes de os sustentar em terra firme. Por isso, as nadadeiras especiais dos celacantos fizeram deles um potencial antepassado dos tetrápodes, que surgiram há mais de 365 milhões de anos.
O primeiro fóssil de um celacanto foi descoberto em 1838. Nos cem anos seguintes, e depois de muitos mais encontrados, fez-se a história de um peixe que teria desaparecido com os dinossauros, há 65 milhões de anos - o fóssil mais recente tinha 70 milhões de anos.
Em Dezembro de 1938, no litoral de East London, África do Sul, foi encontrado um celacanto que tinha acabado de ser pescado. Afinal, não estava extinto. A espécie recebeu o nome Latimeria chalumnae, em homenagem a Marjorie Courtenay-Latimer, do Museu daquela cidade sul-africana, que o encontrou. A espécie tornou-se o arquétipo do "fóssil vivo", um termo definido pelo pai da teoria da evolução. Charles Darwin entendia os fósseis vivos como os sobreviventes de um grupo de espécies que, numa dada altura da história da Terra, tinha sido abundante.
O aspecto ancestral do celacanto tornou a ideia de fóssil vivo ainda mais visual. Nas décadas seguintes, com a descoberta de aproximadamente 200 indivíduos, foi definido que este peixe vivia a algumas centenas de metros de profundidade na região Oeste do Índico, entre Madagáscar e Moçambique. Na década de 1990, outra espécie de celacanto foi encontrada perto da Indonésia.
Só agora, passados quase 75 anos, é que os 3000 milhões de letras de ADN dos 48 cromossomas do genoma da Latimeria chalumnae foram sequenciados. O resultado mostrou a evolução lenta. Sabe-se que para os genes Hox, que definem o desenvolvimento do corpo dos vertebrados, as duas espécies de celacanto, separadas há mais de seis milhões de anos, estão a divergir 11 vezes mais devagar do que os genes Hox nos humanos e chimpanzés.
"Fala-se muitas vezes de como as espécies mudam ao longo do tempo", relata Kerstin Lindblad-Toh (Instituto Broad). "Mas ainda há alguns locais do Planeta onde os organismos não têm de mudar. É provável que o Celacanto esteja muito especializado neste ambiente extremo, específico e imutável."
No entanto, Jessica Alföldi considera que as mudanças, ainda que lentas, põem em causa o status de fóssil vivo. "Não é um fóssil vivo, é um organismo vivo. [O celacanto] não vive numa bolha temporal, vive no nosso mundo e isso torna fascinante descobrir que os seus genes estão evoluindo mais lentamente do que os nossos."
Ainda assim, o seu genoma revelou novos dados sobre o nosso próprio passado. A equipe comparou porções de material genético das duas espécies de Celacanto com o dos peixes pulmonados, o que os torna potenciais ancestrais dos tetrápodes. Os cientistas queriam identificar o grupo mais próximo do animal que veio da água para a terra. Apesar dos Celacantos estarem próximos desses ancestrais, os peixes pulmonados estão ainda mais perto.
O genoma do Celacanto serviu ainda para procurar genes que surgiram ou que foram alterados na transição para a terra. A equipe verificou que os tetrápodes ganharam genes que os ajudaram a desenvolver o olfato. Já em relação aos genes Hox, a comparação com o Celacanto permitiu verificar que foram mudando durante a passagem para terra, permitindo a adaptação ao novo ambiente.
Chris Amemiya, outro autor, do Instituto de Investigação Benaroya - Seattle/EUA, diz que as novidades não acabam aqui: "É o início de muitas análises, em que o Celacanto pode nos ensinar mais sobre a emergência dos vertebrados terrestres."

abril 09, 2013



AQUÁRIO DE TOKYO ADQUIRI UM CASAL DE PEIXES DE SANGUE TRANSPARENTE


Tokyo Sea Life Park colocou 2 exemplares de Ocellated icefish (no Brasil, peixe de gelo catarino) em exibição. Esta espécie é altamente incomum no reino animal, pois tem sangue transparente, ao invés de vermelho.
O icefish (Chionodraco rastrospinosus) é proveniente da Antártida. Os dois exemplares expostos no Tokyo Sea Life Park, que são semelhantes ao mostrado na foto acima, foram encontrados e trazidos para o Japão por pescadores de krill e acredita-se serem os únicos exemplares expostos em um aquário público.
Aquarium fish has clear blood
By Valerie Loeb, Creative Commons
Estudos mostram que o sangue transparente deste peixe é devido a ausência de hemoglobina, proteína responsável pelo transporte de oxigênio ao corpo do animal e também pela coloração vermelha do sangue. Não está provado ainda como ele consegue sobreviver sem hemoglobina, apesar dos investigadores acreditarem que o seu grande coração combinado com plasma sanguíneo pode ajudar na circulação do oxigênio ao redor do corpo. Assim como o animal também pode ser capaz de absorver o oxigênio da água através da sua pele, uma vez que não possui escamas.
No início desse ano os 2 exemplares expostos no Tokyo Sea Life Park se reproduziram e os cientistas esperam que o casal de icefish e sua prole possam ajudar os pesquisadores a desvendar seus segredos.


abril 02, 2013


Aquário introduz atuns (Bluefin tuna) para "assustar" sardinhas preguiçosas.

Um aquário público no Japão está tendo um problema com suas sardinhas, que se tornaram tão acostumados ao seu ambiente seguro, que não se comporta mais como eles deveriam.

As 35 mil sardinhas do Aquário de Nagoya têm parado para formar o famoso "furacão de peixe", quando elas se reúnem para se alimentar. Uma visão surpreendente e uma grande atração para os visitantes (vídeo mostrando tornado ao final da matéria).

Esse comportamento do cardume é uma forma natural de defesa das sardinhas contra predadores. As únicas a realizar esse comportamento devido a Corrente do Kuroshio na costa do Japão, onde as rochas e outras formas de abrigo são escassos.

O aquário (14,0 x 5,0 m) também possui predadores vindos do mesmo habitat das sardinhas, porém, aparentemente, estes raramente se preocupam com as sardinhas, já que são muito bem alimentado pelos tratadores (staff).

Sardinhas rebeldes (= velhacas) começaram recentemente a romper com o resto do grupo e a nadar em uma parte diferente do tanque. Os tratadores (staff) acreditam que essas sardinhas "rebeldes" perceberam a improvável predação e esta vida fácil levou o grupo a mudar seu comportamento natural.

Segundo relatos, algumas dessas sardinhas começaram até mesmo a competir por alimentos com o Bonito - peixe muito maior e que no ambiente natural (selvagem) provavelmente as comeriam!

Diante disso, os tratadores do Aquário de Nagoya introduziram 11 exemplares de Atum (Bluefin tuna) no tanque onde estão as sardinhas na tentativa de forçá-las a voltar com seu comportamento natural normalmente.

Akira Ogushi, funcionário do Aquário, disse: "Levará cerca de uma semana para o atum se aclimatar. 
Quando eles começam a nadar em uma escola, colocam pressão sobre as sardinhas e todos nadam juntos, como uma grande escola".

O vídeo mostra o tornado de sardinhas no Aquário de Nagoya: 


Caso não consigam acessar pelo blog, tente o link: http://youtu.be/7nc9zgytAto