Ensaios científicos estão em andamento para ver se um peixe pode produzir a prole de outro. Se positivo, isso vai revolucionar tudo que conhecemos sobre criação e conservação, diz Nathan Hill.
Aqui está uma corrente de pensamento. Se eu adicionar "ses" o suficiente, então, eventualmente, uma formiga pode levantar um elefante. Tenho certeza que você está entendendo onde quero chegar com isso, mas deixe-me exemplificar um caso. "Se" uma formiga passasse a ser grande e forte o suficiente para mover uma alavanca mecânica, e "se" um elefante ficasse de pé sobre um estrado forte o suficiente de uma empilhadeira, e "se" as duas criaturas passassem a fazer parte do mesmo cenário juntas, e "se" a formiga de alguma forma mudar a alavanca, em seguida, talvez, apenas talvez, a ação da formiga poderá então levantar o elefante.
Sim, há um pouco de jogo de palavras envolvido, um pouco de malabarismo de significados, mas com suficientes "ses" a formiga de fato pode levantar um elefante. Adicione diversas etapas imaginárias como você desejar, e, eventualmente, você chegará lá.
Atualmente existe algo semelhante acontecendo no mundo aquático, e como uma indústria coletiva, todos nós deveríamos cruzar os dedos, pés, cabelo, pets, pernas, e mais alguma coisa que temos em mãos, e desejando sempre o melhor. "Se" vai dar certo, então podemos superar não apenas alguns problemas éticos da vida selvagem, mas também os de prática sustentável em geral. Poderíamos controlar linhas genéticas e pureza, embora, correlativamente, também poderíamos aproveitar em particularidades e truques para fazer as inovações.
O que eu estou me referindo é o conceito de espécies "barriga de aluguel". Especificamente, eu estou falando sobre o tipo de "barriga de aluguel" que atualmente vem sendo testado por Goro Yamazaki na Universidade de Ciência e Tecnologia Marinha de Tóquio.
Esta "barriga de aluguel" implica em adquirir o código genético de um peixe, extraindo suas células-tronco, e injetá-las em alevinos de outro peixe.
A esperança é que, se inseridos no lugar certo do corpo do animal (ou seja, os órgãos reprodutores), essas células-tronco irão se aderir sobre as gônadas do peixe hospedeiro e gerar tecidos reprodutivos para as espécies doadoras. Literalmente, "se" eu posso tirar as células sexuais de um peixe e "se" eu posso implantá-las e deixá-las crescer no corpo de outro peixe, e "se" eu conseguir uma desova bem sucedida, então eu poderia por fim em uma espécie de peixe produzindo alguns milhares de descendentes viáveis da espécie doadora, mesmo sem perceber.
Se, se, se ........... talvez.
Se, se, se ........... talvez.
Se isso parece ficção científica, então você seria perdoado se este conto se tornasse uma parábolas condenatórias de "franken-monsters" marinhos invadindo Nagasaki. Mas a ciência é bastante sólida, e as expectativas altas.
O objetivo do trabalho de Yamazaki é transferir os órgãos reprodutores do Atum para a Cavala - sendo este último um reprodutor muito mais fértil e abundante que o anterior (atum). Apesar deste começo de ano ruim para a temporada de atum, o peixe não é destinado apenas ao consumo japonês (1/4 de todo atum de nadadeira azul capturados são destinados aos pratos japoneses), está também na lista da IUCN Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Aos produtores que podem cultivar o Atum (Blue Fin) - espécie muito difícil de se reproduzir em cativeiro - grandes fortunas, tanto a nível financeiro quanto moral são esperados.
Mas. Sempre existe mas....
Até o momento, os resultados das pesquisas não atingiram o esperado. Embora as células-tronco tenham influenciado o desenvolvimento gonadal da cavala, desovas foram mal sucedidas, e esta hipótese parece ser ruim para questões de temperatura. Mas num futuro, o próprio conceito, parece brilhante. E se adultos de cavala podem expelir milhares de bebês de atum de nadadeira azul de uma só vez, então crescem a pressão sobre as populações selvagens - no mínimo reintrodução - sejamos otimista ao invés de abandoná-los, como eles atualmente estão.
Só podemos esperar e ver.
Só podemos esperar e ver.
Mas o atum é apenas um dos milhares de peixes lá fora. Há muitos outros prospectos a longo prazo para este possível avanço.
Por um lado, a dificuldade em gerar espécies já não é mais um problema, contanto que, espécies fáceis e geneticamente compatíveis estejam disponíveis.
Para que se preocupar com essas disputas embaraçosas entre machos de Scleromystax squabbles, se eu tenho os aparelhos reprodutores de Corydoras aeneus, desenvolvendo sua prole a uma excelente taxa? E quanto aos Dwarf gouramis que estão sendo produzido pelo Dwarf gouramis-iridovírus sem os pais, ao invés de utilizarem a espécie Trichopodus azul? Há diversas maneiras de se utilizar esta tecnologia.
Para que se preocupar com essas disputas embaraçosas entre machos de Scleromystax squabbles, se eu tenho os aparelhos reprodutores de Corydoras aeneus, desenvolvendo sua prole a uma excelente taxa? E quanto aos Dwarf gouramis que estão sendo produzido pelo Dwarf gouramis-iridovírus sem os pais, ao invés de utilizarem a espécie Trichopodus azul? Há diversas maneiras de se utilizar esta tecnologia.
Claro, isso antes mesmo de eu mencionar peixes raros ou em perigo de extinção. Um exemplo? Hypancistrus zebra? Injetar suas células dentro de um Ancistrus e acabar logo com isso. Como "hobby", isso faz uma grande diferença. Bancos de dados de DNA poderiam permitir a reintrodução de espécies extintas a qualquer momento, e até mesmo espécies raras de teleósteos podem tornar-se tão comum como "guppies" de um dia para o outro.
Tenho certeza de que agora você já pensou em um cenário próprio onde a tecnologia como esta fará toda a diferença. Se é para garantir linhagens puras, ou para trazer de volta algo que está no limite de ser extinto, todos nós podemos imaginar um uso para o "peixe de aluguel".
Mas, como sempre, eu tenho certeza que haverá difamadores que também deverão ser ouvidos. Com a manipulação genética vem a responsabilidade, e quando estamos "mexendo" com a fecundidade de um peixe é preciso ter muito cuidado com o resultado.
Um exemplo absurdo, vamos também dizer que: "Se" tirei as células-tronco de uma lampreia do mar, e, novamente, "se" consegui implantá-las sobre as gônadas de um peixe-lua (Mola mola) e "se" o peixe-lua conseguiu produzir o seu padrão de 300 milhões de alevinos (Mola mola é a espécie com maior taxa de fecundidade no Planeta), então acabei causando um sofrimento mundial ao ecossistema marinho. 300 milhões é muita lampreias (animal hemato-parasita) sugando até o esgotamento o sangue de seres marinhos em minutos.
Mas isso é realmente um absurdo. Ninguém faria isso, mesmo que intencionalmente para investigar, a menos que houvesse uma queda súbita e catastrófica de lampreias, o que é improvável. Partindo do princípio de que os códigos de conduta e comitês de ética sejam obedecidos e respeitados, e boas técnicas técnicas de modelagem de resultados avaliados, então é difícil ver, nesta fase, o que poderia dar errado.
Sim, existem os "ses" de comerciantes sem ética. De modo que, "se" eu recebo um exemplar parecido com Blinky (peixe de três olhos do desenho animado Simpsons), e "se" eu posso transferir suas células-tronco em um peixinho dourado e reproduzir uma sequência de peixinhos com três olhos, então eu posso chamá-los de Peixe-Blink, e arrecadar uma fortuna de um público delirante. Mal empregada, tal tecnologia pode produzir inúmeras anomalias, como peixes infértil (por meio dessa escolha por exemplo, criadores podem manter os preços de suas ações elevada - por que vender jovens férteis para que os outros possam reproduzi-los quando você tem o monopólio?), e criar todo o tipo de trapaça comercial.
Mas isso é ainda um monte de "ses". Se tudo isso vem junto, e se os cientistas fizerem bom uso da tecnologia, então nós poderíamos estar à beira de um avanço muito maior do que qualquer imprensa está prestando atenção.
Mas isso é ainda um monte de "ses". Se tudo isso vem junto, e se os cientistas fizerem bom uso da tecnologia, então nós poderíamos estar à beira de um avanço muito maior do que qualquer imprensa está prestando atenção.
Isso é "se" ele funciona, é claro. Caso contrário, voltaríamos ao ponto de partida, não estaríamos mais próximos de tornar o mundo um lugar melhor, e o atum ainda estaria em risco de extinção. Mas, então, "se" eles não estivessem ameaçados então nós não teríamos o impulso para desenvolver tal tecnologia.
Published: Nathan Hill Friday 21 November 2014
http://www.practicalfishkeeping.co.uk/content.php?sid=6586
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