dezembro 14, 2014

"Lago Tanganika"
Vale a pena não colocar todos os ovos (ou prole) no mesmo ninho?


Copyright © Stefanie Schwamberger
Os ciclídeos do Lago Tanganika (África) "permutam" suas crias com outros pais para reduzir as chances de que toda a sua ninhada seja comida por predadores.
Neolamprologus caudopunctatus é uma espécie de ciclídeo monogâmica e os casais constroem grutas de nidificação para proteger seus ovos e filhotes de predadores. Num mergulho de 12 metros direto para o fundo do lago, os cientistas coletaram amostras de DNA de cerca de 350 casais e proles de mais de 30 ninhos. Técnicas genéticas sofisticadas foram então aplicadas para investigar a paternidade da prole em ninhos individuais e, na maioria dos ninhos foram encontrados alevinos com cargas genéticas diferentes ao casal de "pais" relacionado e ainda alguns ninhos contendo alevinos provenientes de vários casais.
Como o local dos ninhos já eram conhecidos, os cientistas foram capazes de mostrar que as larvas tinham nascido em ninhos que foram separados e colocados em ninhos adotivos de menos de um metro a até mais de 40 metros dos ninhos dos pais verdadeiros. Apesar de muitas espécies de pequenos porte serem capazes de nadar vários metros para uma nova gruta (ou refúgio) sem serem comidos, é pouco provável que eles (filhotes) possam viajar grandes distâncias. Sendo mais provável que os mesmos tenham sido levados aos "novos" ninhos dentro da boca de seus pais.
Transportar os alevinos para ninhos relativamente distantes seria garantir que alguns jovens fossem protegidos, mesmo se todos os ninhos na vizinhança fossem predados ou destruídos imediatamente, por isso é fácil entender por que os pais fazem isso. Mas por que outros casais estariam dispostos a adotar uma prole que não tenham relação com eles?
Franziska Schaedelin do Instituto Konrad Lorenz da Universidade de Medicina Veterinária de Viena,  sugere que os pais adotivos podem aceitar proles alheias como uma forma de diluir a predação de seus próprios filhotes. Se assim for, os pais adotivos devem adotar filhotes menores do que sua própria cria, já que provavelmente os menores seriam predados primeiro.
Os pesquisadores demonstraram também que as proles adotadas eram do mesmo tamanho que a prole pertencente àquele ninho, embora ligeiramente maiores que os filhotes que não foram oferecidos para adoção. Parece que os pais permitem "seletivamente" filhotes alheios em suas próprias ninhadas e disponibilizam seus alevinos para adoção por outros casais.
Compartilhar o cuidado das ninhadas entre diferentes famílias representa uma espécie de "apólice de seguro" contra a predação dos ninhos. Schaedelin sintetiza: "em uma espécie que é tão altamente predada, que deve ter sido importante desenvolver uma estratégia para garantir que pelo menos alguns dos jovens sobreviva. Ao que tudo indica os peixes usam isso como estratégia para não colocar todos os seus ovos (no caso alevinos) em um único ninho. 

FONTE: O paper "Nonrandom Brood Mixing Suggests Adoption in a Colonial Cichlid" dos autores Franziska C. Schaedelin, Wouter F.D. van Dongen & Richard H. Wagner foi publicado na revista "Behavioral Ecology".

2 comentários:

  1. Vanessa é no Lago Tanganika que sobem aquelas nuvens imensas de mosquitos em certa época do ano?
    Abraço

    ResponderExcluir
  2. Olá, bom dia!!!
    Esse fenômeno da nuvem de mosquitos também ocorre na África, porém em outro lago ao sul do país chamado Lago Malawi (ou Nyasa). Formado a milhões de anos atrás, onde hoje se chama de África Meridional. Faz divisa com três paises (Malawi, Tanzânia e Moçambique) é o terceiro maior lago africano (aprox. 600km de comprimento e 87km de largura) com alguns pontos de até 700 metros de profundidade.
    Abçs, Vanessa

    ResponderExcluir