PANTANAL: A Maior planície alagada do Mundo (PARTE 1)

O Pantanal é considerado "Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera".O Complexo do Pantanal, ou, simplesmente, Pantanal, é um BIOMA constituído principalmente por uma savana tipo estepe, alagada em sua maior parte por apresentar poucas montanhas. Com 250 mil km² de extensão e altitude média de 100 metros, o Pantanal abrange o Sul do Estado do Mato Grosso (MT) e o Noroeste do Estado do Mato Grosso do Sul (MS), na porção brasileira, além do Norte do Paraguai e Leste da Bolívia (chamado - Chaco Boliviano). 

O nome Complexo é devido à região ser composta por mais de um Pantanal (sete no total), além de se dividir em duas regiões:

- Pantanal Sul ou Pantanal Maior (Estado do MS), com a maior área;

- Pantanal Norte ou Pantanal Amazônico (Estado do MT), onde se localiza a Amazônia Legal*.

*Amazônia Legal sua área engloba nove Estados brasileiros pertencentes à Bacia Amazônica (AC, AP, AM, MT, PA, RO, RR, TO e parte do MA) e trechos da Floresta Amazônica. A atual área da Amazônia Legal é de aproximadamente 5.217.423 km², cerca de 61% do território brasileiro. Só a Amazônia brasileira é sete vezes maior que a França. A ilha de Marajó, localizada na foz do rio, é maior que alguns países como: Suíça, Holanda ou Bélgica.

A origem do Pantanal é resultado da separação do oceano há milhões de anos atrás. Animais que estão presentes no mar também existem no pantanal, formando o que chamamos de Mar Interior. A área alagada do pantanal se deve à lentidão de drenagem das águas que fluem lentamente pela região do médio Paraguai.

Nos anos 60, a região Centro-Oeste do Brasil começou a se desenvolver através de projetos agropecuários, o que trouxe muitas alterações aos ambientes, ameaçando sua biodiversidade. Preocupada com a conservação do Pantanal, a EMBRAPA Corumbá (MT) instalou, em 1975, uma unidade de pesquisa para o uso sustentado dos seus recursos naturais. As pesquisas se iniciaram com a pecuária bovina e hoje abrange as mais diversas áreas, tais como recursos vegetais, pesqueiros, faunísticos, hídricos, climatologia, solos, avaliação dos impactos causados pelas atividades humanas e sócio-economia. Nos últimos anos o ECOTURISMO (turismo sustentável).

O Pantanal é uma das maiores extensões (secas) contínuas do planeta e está localizado no centro da América do Sul, na bacia hidrográfica do alto rio Paraguai (65% de seu território no MS e 35% no MT). A região é uma planície pluvial influenciada por rios que drenam a bacia do alto rio Paraguai, onde se desenvolve uma fauna e uma flora de rara beleza e abundância, influenciada por quatro grandes BIOMAS: Amazônia, Cerrado, Chaco e Mata Atlântica.

O rio Paraguai e seus afluentes percorrem o Pantanal, formando extensas áreas inundadas que servem de abrigo para muitos peixes, como o jaú, o pintado, a cachara, o dourado, a piraputanga, o tambaqui, o pacu, a piranha, os lambaris e, também, para outros animais, como jacarés, capivaras, cobras, ariranhas e milhares de aves. Muitos animais ameaçados de extinção em outras partes do Brasil ainda possuem populações vigorosas no Pantanal (ex.: cervo-do-pantanal, capivara, tuiuiú e jacaré).

Devido ao baixo declive da planície, a água que cai nas cabeceiras do rio Paraguai, demora mais de 4 meses para atravessar todo o Pantanal. Os ecossistemas são caracterizados por cerrados e cerradões sem alagamento periódico, campos inundáveis e ambientes aquáticos, como lagoas de água doce ou salobra, rios, vazantes e corixos*. 

* Canais (pequenos rios perenes) que se formam em épocas de chuvas e ligam as águas de baías, lagoas, alagados, etc. com os rios próximos de maior capacidade.

O clima é quente e úmido no verão com invernos mais frios, porém com grande umidade do ar devido à evapo-transpiração da água acumulada no solo e nas raízes durante às cheias. A maior parte dos solos do Pantanal é arenoso e suporta pastagens nativas, introduzido pelos colonizadores, para alimentar os herbívoros nativos e gado.

A Planície do Pantanal possui aproximadamente 250 mil km², medida estimada pelos estudiosos que explicam que dificilmente pode ser estabelecido um cálculo exato de suas dimensões pois, em vários pontos, é muito difícil estabelecer limites, além de, a cada ciclo (seca e águas) o Pantanal se modifica.

O Pantanal vive sob o desígnio das águas, onde a chuva divide a vida em dois distintos períodos. Durante os meses da seca (maio a outubro), a paisagem sofre mudanças radicais: no baixar das águas, são descoberto campos, bancos de areia, ilhas e os rios retomam seus leitos naturais, mas nem sempre seguindo o curso anterior. As águas escorrem pelas depressões do terreno, formando os corixos.

Nos campos cobertos por gramíneas e vegetação de cerrado, a água chega a escassear, restringindo-se apenas aos grandes rios, com leito definido, as grandes lagoas próximas aos rios (baías), e a algumas pequenas lagoas e banhados em áreas mais baixas. Em muitos locais, torna-se necessário recorrer a águas subterrâneas. Quando as 1as. chuvas caem sobre um solo seco e poroso e são facilmente absorvidas, no período de novembro a abril as chuvas caem torrencialmente nas cabeceiras da Bacia rio do Paraguai. O aumento periódico da rede hídrica no Pantanal, a baixa declividade da planície e a dificuldade de escoamento das águas, são responsáveis pela formação de baías com centenas de quilômetros quadrados, o que confere à região um aspecto de imenso mar interior.

O aguaceiro eleva o nível das baías permanentes, cria outras, transborda os rios e alaga os campos no entorno, e morros isolados sobressaem como verdadeiras ilhas onde os animais se refugiam à procura de abrigo contra a subida das águas.

Com a subida das águas, grande quantidade de matéria orgânica (principalmente vegetação flutuante e marginal e animais mortos na enchente) é carregada pela correnteza a distâncias consideráveis. Estes, durante a vazante, são depositados nas margens e bancos de areia dos rios, lagoas e baías e, após rápida decomposição, passam a ser fertilizador do solo, garantindo a enorme diversidade de tipos vegetais lá existente.

Por entre a vegetação diversificada encontram-se inúmeras espécies de animais, adaptados a essa região de aspectos contraditórios. Essa imensa variedade de vida, traduzida em constante movimento de formas, cores e sons é UM DOS MAIS BELOS ESPETÁCULOS DA TERRA. Por causa dessa alternância entre períodos secos e úmidos, a paisagem pantaneira nunca é a mesma, mudando todos os anos: leitos dos rios mudam seus traçados; as baías alternam seus desenhos e assim a fauna pantaneira também é um composição única.

FAUNA

A fauna pantaneira é extremamente diversificada, provavelmente a mais rica do planeta. Há cerca de 700 espécies somente de aves ( Brasil inteiro estão catalogadas cerca de 1800). A mais espetacular é a arara-azul-grande (espécie ameaçada de extinção), o tuiuiús (ave símbolo do Pantanal, também chamado de jaburu), tucanos, periquitos, papagaios, garças-brancas, jaburus (parente próximo ao tuiuiú), beija-flores ou colibrís (os menores chegam a pesar 2g.), socós (espécie de garça de coloração marrom), jaçanãs, emas (maior ave terrestre, parente do avestruz), seriemas, colhereiros (bico em forma de colher), gaviões e carcarás (ambas aves de rapina), curicacas, pica-pau entre outras.

No Pantanal já foram catalogadas mais de 1.100 espécies de borboletas. Contam-se mais de 80 espécies de mamíferos, sendo os principais a onça-pintada (atinge a 1,2 m de comprimento, 0,85 cm de altura e pesa até 150 kg), capivara, lobinho, veado-campeiro, veado-catingueiro, lobo-guará, macaco-prego, cervo-do-pantanal, bugio (macaco que produz som característico ao amanhecer), porco-do-mato, tamanduá (bandeira e mirim), cachorro-do-mato, anta, bicho-preguiça, ariranha, lontras, suçuarana (Felideo), quati, tatu etc.

Há uma infinidade de répteis, sendo o principal o jacaré (jacaré-do-pantanal e jacaré-de-coroa), serpentes (jararaca, sucuri, jibóia,cobra-d'água e outras), lagartos (iguana, calango-verde) e quelônios (jabuti e cágado).

A região também é extremamente piscosa, já tendo sido catalogadas 263 espécies de peixes: piranha (peixe carnívoro e extremamente voraz), pacu, pintado, cachara, jaú, dourado, piraputanga, curimbatá, piau são algumas das espécies encontradas.

Jacarés: Répteis bem adaptados ao meio ambiente e dominam ainda hoje muitos habitats. Ao contrário do que se pensa o jacaré não é lento, se for ameaçado ou estiver preste a dar o bote, adquire velocidade impressionante. Dentro da água, seu ataque é geralmente mortal, já que é um exímio nadador. Os jacarés do Pantanal são diferentes dos da Amazônia. O do Pantanal mede até 2,5m e se alimenta de peixes e é quase inofensivo ao homem. Enquanto o da Amazônia é um bem maior (quase 6 metros) e ataca quando ameaçado. Sua carne branca e consistente é comestível, a parte mais nobre do corpo do animal que é aproveitada é a cauda. Lembra muito a carne de frango, mas tem um leve sabor de peixe de água doce.

Peixes: Eigemann et al.(1907) citaram 253 espécies de peixes para toda a bacia do rio Paraguai, muitas delas ainda não ocorrendo no Pantanal. Com a evolução geológica e o desenvolvimento da sua drenagem, possibilitando, recentemente, a ligação da rede hidrográfica do Pantanal com o restante da bacia do Prata, Britisk et al. (1999) identificou um total de 263 espécies ocorrendo somente no Pantanal. Estas estatísticas mudam a cada ano, já que muitas espécies de peixes, oriundos das bacias do Pantanal e Amazônica, são descobertas e descritas. Deste total, 109 são de Characiformes, 105 de Siluriformes, 12 de Gymnotiformes, 16 de Perciformes, 11 de Gymnodontiformes e 11 pertencentes a outros grupos taxonômicos. Muitos autores descreveram espécies novas ou citaram novas ocorrências para o Pantanal; seus manuscritos estão espalhados por diversas revistas e jornais científicos (nacionais e estrangeiras) integrando uma vasta, mas ainda insuficiente, bibliografia sobre os peixes da região. É possível que ao finalizar este pequeno manuscrito já esteja desatualizado em frente ao afluxo de novas revisões, trabalhos de levantamento ictiofaunístico e descrições de novas espécies para o Complexo Pantanal, cada vez mais rápido e constante.

Na próxima matéria um breve resumo de todas as espécies de peixes que ocorrem no Complexo do Pantanal.